Como ficará o Pauper após os últimos banimentos?

Geralmente todo anúncio de ban é seguido de muitas especulações, e é exatamente nesse momento que nos encontramos agora. Com menos de uma semana após o banimento de Chatterstorm e Sojourner's Companion, é natural o surgimento de alguns questionamentos entre os jogadores: O ban foi assertivo? Teremos um metagame mais equilibrado? Quais decks irão se destacar daqui para frente?

No artigo de hoje contaremos com a participação de jogadores que acompanharam o metagame de perto nos últimos meses e nos ajudarão a entender melhor esse momento do formato.

Antes de especular o futuro, vamos tentar analisar brevemente o ban que rolou essa semana. Será que ele foi assertivo?

A impressão que tenho é que, apesar de óbvio, o ban foi bem aceito pela comunidade, que talvez até desejasse um banimento que resolvesse definitivamente antigos problemas do formato, mas que no final das contas se sentiu aliviada ao não testemunhar nenhuma vítima das balas perdidas que a Wizards costuma disparar quando promove banimentos no Pauper.

Na opinião do barff(Samuel), jogador que tem se destacado nas ligas do MOL, o ban foi parcialmente assertivo, pois ele acha necessário uma reformulação do formato:

Uma carta que teve seu banimento muito cogitado foi Galvanic Relay, e na opinião do beicodegeia (Carlos) o maior problema era mesmo o Chatterstorm:

“Relay talvez fosse uma carta problema e pensei que tivesse chance de ban, mas analisando bem, agora não existe (ou ainda não acharam) um finisher bom o suficiente para que ela possa ser aproveitada.”

Nosso amigo carvs(Diego) também fez comentários sobre a carta, e segundo ele, o não banimento de Galvanic Relay pode ter sido um erro. Ele teme que ela ainda possa gerar problemas no field. Perguntei o motivo de sua preocupação, e a resposta foi:

“No deck de esquilos, Galvanic Relay era de longe a melhor carta, deixava o deck muito mais consistente. Acho que existem grandes chances dela ainda ver jogo em decks com mecânica de reciclar, ou em decks que abusam de Manamorfose ou Pétala de Lótus”

E o UB? Nos últimos três meses o Pauper se tornou um formato de três decks, e apesar do UB Fadas ter estado um degrauzinho abaixo do Affinity e dos Esquilos, ele saiu ileso nesse último ban. Qual será a opinião dos jogadores em relação ao deck?

Na opinião do barff, não seria correto banir algo do UB sem banir algo do Tron:

“A partir do momento em que se fala em tirar algo do Fadas, automaticamente tem que tirar algo do Tron, senão teremos um formato totalmente desequilibrado.”

O beicodegeia, que assim como o barff possui grande experiência com o deck, também deu sua opinião sobre o assunto:

“Eu escuto bastante essa discussão sobre banir algo do deck, acho o power level de Snuff Out alto sim, porém todo formato tem cartas com power level alto que não precisam necessariamente ser banidas, o que eu acho errado é a combinação com os monarcas. Se repararem, o Snuff Out não chega a ser um problema em outras shells como MBC, Rakdos e Jund. Então, eu acho justo uma alteração na regra do monarca ou algo do tipo, fora isso, o UB Fadas possui muitos predadores naturais como Boros, Tron e Jund Cascade”.

O ImpatientTraveller(Romeu), que é redator da Cards Realm e apresentador do Amigos do Meta, acredita que decks como Faeries sempre estarão propensos a servir como reguladores do Metagame, e na opinião dele o Faeries é um deck tão forte graças a versatilidade das cartas que o arquétipo possui acesso:

Ele acredita que o desafio do Faeries agora vai ser planejar-se para um novo Metagame mais amplificado do que o que vimos nos últimos três meses, e isso abre espaço para matchups ruins. Ele também diz que se tivesse uma “watchlist” do Faeries hoje, seria Snuff Out e Spellstutter Sprite:

Snuff Out oferece um tempo play muito forte se utilizado no timing certo, e 4 de vida é irrelevante em muitas partidas se você está resolvendo uma ameaça que te será bem mais prejudicial a longo prazo.

Spellstutter, sem backup, é um Snapcaster Mage para Mental Misstep, e com backup, ela vai de Prohibit até Counterspell, dependendo da partida. Eu considerava ela um card que estava fora do que o Pauper se propõe a fazer até Commander Legends trazer os cards com Cascade, que, a meu ver se equiparam à utilidade da Spellstutter enquanto criaram decks que fogem da curva proposta pelo Faeries."

Modern Horizons II foi lançada no início de junho, totalizando um período de três meses de um formato totalmente polarizado. A Wizards of the Coast levou exatamente um mês a mais para agir em relação ao banimento de Fall From Favor após o lançamento de Commander Legends.

Olhando de fora, um mês não parece muita coisa, até porque na opinião de alguns jogadores banimentos rápidos demais inibem a chance do formato se adaptar naturalmente às novas ameaças. Não foi esse o caso dessa vez, onde o silêncio e a falta de posicionamento da Wizards acabaram gerando muitos protestos da comunidade, chegando ao ponto de serem criadas banlists próprias para torneios independentes e de jogadores utilizarem decks apenas com terrenos básicos durante o Pauper Preliminary.

A resposta dos quatro jogadores entrevistados para essa minha pergunta foi unânime: cada caso é um caso, e nesse caso a Wizards deveria ter agido muito mais cedo. Na opinião deles, um mês teria sido o suficiente para perceber que a situação era mais grave do que foi na época de FFF.

Nesse período, os jogadores se viram obrigados a jogar com os decks mais fortes do formato, atualmente dos cinco jogadores com mais troféus Pauper no Magic Online, três estavam grindando de Storm, e o beicodegeia era um deles:

“Ainda tentei remar contra a maré no começo e continuei jogando de UB Fadas, mas ficava perceptível que eu estava com um Fusca correndo contra uma Ferrari, aí peguei o storm, fazia bons resultados, as ligas eram rápidas (excelente pro grind) e ainda assim eu era a favor do ban”.

Os jogadores carvs e beicodegeia estão mais otimistas em relação ao formato, e já conseguem ver os resultados positivos do banimento nas ligas do MOL. A variedade dos decks aumentou segundo o beiço:

“Já joguei algumas ligas e estou bem feliz com o resultado do ban, dá pra perceber uma variedade bem maior de decks e os players elogiando isso, mas aí voltaram a reclamar do de sempre, monarch, tron e etc”

Na opinião dele muitos decks que estavam sendo oprimidos pela polarização do formato voltarão a aparecer agora: Stompy, Bogles, Boros Monarch, BW Pestilence, Elfos, Heroic…

Já o barff segue com um pé atrás em relação ao Tron e Affinity:

“Ainda temos um Tron muito opressor e dominante, e talvez ainda seja cedo para falar, mas sinto que Affinity continuará sendo um problema com o ban apenas do Sojourner’s, tenho a impressão de que só voltaria ser um baralho justo se fosse suscetível ao Gorilla Shaman, ou seja, removendo as duais indestrutíveis do formato”

Ele acredita que decks como Tron, Affinity, Cascades, UB Fadas, Boros Bully e talvez Cleansing Wildfire Ramps irão compor o topo do formato daqui para frente.

Sobre o Tron, o ImpatientTraveller também compartilhou sua opinião:

"Particularmente, acredito que o Tron será colocado em cheque pelos diversos decks de Cleansing Wildfire que provavelmente aparecerão no formato nas próximas semanas, tirando proveito da interação do card com as lands artefato de Modern Horizons II, e a ausência do Storm torna os decks de Cascade muito mais viáveis, e variantes deste deck já trabalham bem com Mwonvuli Acid-Moss e outros cards para atrasar o plano de jogo do Tron.

Por outro lado, eu não acredito que isso “matará” o Tron, porque o plano de jogo do deck é muito versátil e consegue jogar em torno das mais diversas situações do formato, mas acredito que ele não conseguirá ser um deck predominante enquanto competir pelo espaço de melhor deck do formato com Faeries e Cascade.

No caso de existir uma predominância dos decks de “big mana”, seria um momento para considerarmos (e apenas considerarmos) o quão saudável Bonder’s Ornament é para o formato."

Naturalmente, beiço e barff voltaram ao UB Fadas e eventualmente pretendem testar outros decks durante o grind. Os planos do carvs incluem Affinity e UR:

“Eu pretendo usar Affinity, UR Skred e UB Delver, mas principalmente Skred que lida bem com Affinity e Cascade. Também vou acompanhar de perto as listas com Cleansing Wildfire e Galvanic Relay”

Confesso que nesse momento, meu interesse particular é em acompanhar o Affinity, observar se a versão Izzet se manterá ou se voltarão com versões Jeskai e Temur, sem contar as versões Grixis e Rakdos, mais voltadas ao combo com Discípulo da Câmara.

E vocês, o que esperam do formato daqui para frente? Ainda estão em dúvidas sobre qual deck utilizar?

Então confiram algumas listas que considero interessantes para esse momento e não esqueçam de deixar a opinião na seção de comentários.

A lista abaixo é a mesma lista que o SanPop utilizou para vencer ontem, 11 de setembro, o primeiro Challenge pós ban do Pauper. Se você não gosta do deck, pelo menos não se esqueça de utilizar os hates contra ele no seu sideboard.

Para quem gosta de fadas, com certeza o deck continua sendo uma opção segura no metagame que está se formando. O barff já fez alguns 5-0s com a lista abaixo, que por enquanto ainda mantém as quatro cópias de Snuff Out.

O carvs está trabalhando em uma versão de UR Fadas, atualmente a lista a seguir está em fase de testes e ainda deve passar por mais alguns ajustes:

Para quem estava jogando de Affinity, poucas mudanças foram necessárias para que os jogadores hamudao e oliverjuqs fizessem 5-0 com as versões Rakdos e Grixis:

Por fim, para aqueles que querem colocar a habilidade de deckbuilding à prova, temos uma lista Relay Bridge rolando nas redes sociais: